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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Vinicius Torres Freire | Imundície da política bate na economia


Tem jeito de saber se a nova rodada de imundície na política já bateu na economia? Tem. Começam a aparecer os primeiros efeitos objetivos, concretos. Ruins.
Os consumidores paulistanos ficaram mais desanimados depois que a gente soube da farra da Friboi, dos grampos de Joesley Batista, da JBS, em Michel Temer.
A Federação do Comércio de São Paulo, a Fecomércio, fez um teste que deixou isso muito claro. Em geral, a Fecomércio faz uma pesquisa de confiança dos consumidores por mês. Em maio, fez duas.
Fez a pesquisa normal, uma semana antes da crise, e outro excepcional, uma semana depois. A intenção de consumir das famílias caiu quase 3% nesses quinze dias. É uma queda grande, em período tão curto.
Entre as famílias que ganham até 10 salários mínimos, a queda foi quase nula. Mas muitas dessas famílias já vivem mais da mão para a boca, mal têm o que cortar. Para quem ganha mais de 10 salários mínimos, a queda foi de mais de 8%.
Foi só o impacto inicial do grampo? A coisa pode melhorar? Pode. O problema é que o clima político deve continuar tenso.
Se Temer for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, vai recorrer. A novela continua. Mas é improvável que seja cassado.
No entanto, a Procuradoria-Geral da República deve pedir abertura de processo contra o presidente. Se os deputados aprovarem o processo, Temer vira réu e é afastado temporariamente do cargo. Parecido com um julgamento de impeachment.
Mesmo que Temer vença na Câmara, esse rolo pode ir até julho.
Assim, a votação das reformas trabalhista e da Previdência devem ficar para agosto, na melhor das hipóteses.
Quanto mais tarde no ano, quanto mais perto da eleição de 2018, menos provável que sejam aprovadas. Os parlamentares não querem votar reformas, a Previdência em particular, pois estão com medo de perderem a reeleição.
Sem reformas e com o tumulto político, as taxas de juros devem ficar mais altas. No mercado, os juros já estão mais altos desde que estourou a denúncia contra Temer. Assim, fica mais difícil que os juros caiam para o consumidor final. Juros mais altos, menos consumo, mais crise.

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